São Paulo: o início da cidade, as contradições da urbanização mal planejada

segunda-feira, 31 de março de 2008

44 anos do Golpe Militar patrocinado pelos Estados Unidos

Infelizmente, os jornais da maior cidade do país nada trouxeram a respeito dos 44 anos do Golpe Militar de 31 de março de 1964. É uma miséria profunda a que assistimos. Nossa mídia, que certamente nunca foi respeitável, parece que nunca esteve tão incomensuravelmente ruim, criminosa, factoídica (com o perdão do neologismo).

Um Golpe orquestrado pelos Estados Unidos com direito a Operação Brother Sam deveria estar estampado na primeira página. Senão manchete, pelo menos matéria secundária.

Não foram mortes de inocentes, militantes audazes e ousados. Uma parte dos mortos, jovens; outra parte: experiência de ditaduras anteriores. E haja Getúlio Vargas para contar história. Foi também um esfaqueamento das gerações que vieram, que se formaram em meio aquele vendaval de embrutecimento. De professoras retiradas por PM´s da sala, de vozes silenciosas. De reclamações sobre as frases do governador Paulo Maluf. Daquele amontoado de farsa impressa nos livros mutilados de história. A Geografia física tísica...

Recentemente em A Vida dos outros, um filme alemão sobre o período stalinista da ex-Alemanha Oriental, pôde-se acompanhar a abertura dos arquivos secretos deste período. E os arquivos secretos do Brasil? Lula não abre nada. Há cerca de uma semana, o mesmo Estadão, que agora se manteve calado, trazia uma matéria sobre informações de 'desaparecidos' da Guerrilha do Araguaia. As Forças Armadas sabem tudo...Registraram tudo... E nada é aberto... não só às famílias, mas ao país que dizimou duas gerações entupindo tais pessoas com o lixo de Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira. Deturpando tudo... achincalhando a História da Revolução Russa e a História de Mulheres, e Homens que lutaram por um mundo sem exploração e opressão.
A Alemanha já abriu seus arquivos. E o Brasil há 23 anos espera por recobrar suas lembranças.
O Nosso Pequeno País atrasado com sua burguesia inculta e oferecida aos prazeres torpes do mundo capitalista não cumpre seu papel nem aspira a nenhum protagonismo. É mal cheirosa sem nunca ter cheirado bem. Este país existe, mas sempre tenho impressão que estamos mesmo folheando as páginas de Cem anos de Solidão e que, a qualquer momento, algum brasileiro há de virar a última para tudo se apagar num imenso redemoinho da ignorância arrogante, das cestas básicas, das escolas que distribuem leite, dosador de leite, tênis, meia, camiseta, blusa, calça, material escolar. Mas já não distribuem esperança. A educação formal por si só não faz milagre. É verdade. Mas o nosso caso é o exemplo da barbárie. A nossa História é um estupro coletivo para o qual, os moralistas de plantão, fiéis escudeiros e partidários da boa moral, insistem em não permitir um aborto.
31 de março de 1964. Não nos esqueçamos nunca!!!