São Paulo: o início da cidade, as contradições da urbanização mal planejada

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sobre o 1º de maio e a ficção jornalística de São Paulo

O jornalismo paulistano se locupleta na mediocridade de sua cobertura dos vários atos do 1º de Maio, na capital.
Os ortodoxos apenas cobrem os atos de seus representantes travestidos de defensores dos trabalhadores. Sobre o ato que denuncia, condena e faz exigência ao governo Lula... fotos perdidas... cenas deslocados de sentido e significado. Um recorte providencial do real. Nosso jornalismo paulistano é cada vez mais ficcional. A qualquer momento nem precisará mais de data no cabeçalho. Tudo estará resolvido pois as matérias já parecem atemporais.
Na mesma linha leviana, site de destacados conglomerados jornalísticos, sediados materialmente na capital, exibem notícias sobre produtos falsificados ou criados com base em outros já existentes e denominam a cópia como sendo produto x do 'Paraguai'. Isso não é jornalismo. É xenofobia. É rasteiro. É próprio do subimperialismo brasileiro.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Pesquisa sobre moradores de rua detecta o óbvio

"Não consigo mais viver de outro jeito"

Há tanto por investir no ser humano, mas pelo visto os governos, em suas titubeantes esferas, continuam a mensurar apenas o tamanho da miséria. Em matéria do Estadão on line de hoje (veja no link) órgãos governamentais, através de pesquisa, chegaram a retumbante conclusão que morar na rua degenera a moral e os valores. Sensacional descoberta. Precisavam mesmo ter investido tempo para chegar a esse brilhantismo.
O poder destrutivo das relações capitalistas está aprofundado de maneira inacreditável a nossa desumanidade. E não me venham falar em solidariedade de classe. Ela não existe para pequenos atos que demonstram minimamente enxergar o outro; muito menos em situações de maior vulto.
Não é a rua que degenera, é o mundo capitalista. É verdade que é incomparável a velocidade do embrutecimento. Mas fora das ruas, dentro das casas, das suntuosas até os casebres, o que se vê é um tipo novo de ser menos humano a cada dia. Isto talvez seja a evolução involutiva cognitiva. O Homo menos humano sapiens.

domingo, 6 de abril de 2008

segunda-feira, 31 de março de 2008

44 anos do Golpe Militar patrocinado pelos Estados Unidos

Infelizmente, os jornais da maior cidade do país nada trouxeram a respeito dos 44 anos do Golpe Militar de 31 de março de 1964. É uma miséria profunda a que assistimos. Nossa mídia, que certamente nunca foi respeitável, parece que nunca esteve tão incomensuravelmente ruim, criminosa, factoídica (com o perdão do neologismo).

Um Golpe orquestrado pelos Estados Unidos com direito a Operação Brother Sam deveria estar estampado na primeira página. Senão manchete, pelo menos matéria secundária.

Não foram mortes de inocentes, militantes audazes e ousados. Uma parte dos mortos, jovens; outra parte: experiência de ditaduras anteriores. E haja Getúlio Vargas para contar história. Foi também um esfaqueamento das gerações que vieram, que se formaram em meio aquele vendaval de embrutecimento. De professoras retiradas por PM´s da sala, de vozes silenciosas. De reclamações sobre as frases do governador Paulo Maluf. Daquele amontoado de farsa impressa nos livros mutilados de história. A Geografia física tísica...

Recentemente em A Vida dos outros, um filme alemão sobre o período stalinista da ex-Alemanha Oriental, pôde-se acompanhar a abertura dos arquivos secretos deste período. E os arquivos secretos do Brasil? Lula não abre nada. Há cerca de uma semana, o mesmo Estadão, que agora se manteve calado, trazia uma matéria sobre informações de 'desaparecidos' da Guerrilha do Araguaia. As Forças Armadas sabem tudo...Registraram tudo... E nada é aberto... não só às famílias, mas ao país que dizimou duas gerações entupindo tais pessoas com o lixo de Educação Moral e Cívica, Organização Social e Política Brasileira. Deturpando tudo... achincalhando a História da Revolução Russa e a História de Mulheres, e Homens que lutaram por um mundo sem exploração e opressão.
A Alemanha já abriu seus arquivos. E o Brasil há 23 anos espera por recobrar suas lembranças.
O Nosso Pequeno País atrasado com sua burguesia inculta e oferecida aos prazeres torpes do mundo capitalista não cumpre seu papel nem aspira a nenhum protagonismo. É mal cheirosa sem nunca ter cheirado bem. Este país existe, mas sempre tenho impressão que estamos mesmo folheando as páginas de Cem anos de Solidão e que, a qualquer momento, algum brasileiro há de virar a última para tudo se apagar num imenso redemoinho da ignorância arrogante, das cestas básicas, das escolas que distribuem leite, dosador de leite, tênis, meia, camiseta, blusa, calça, material escolar. Mas já não distribuem esperança. A educação formal por si só não faz milagre. É verdade. Mas o nosso caso é o exemplo da barbárie. A nossa História é um estupro coletivo para o qual, os moralistas de plantão, fiéis escudeiros e partidários da boa moral, insistem em não permitir um aborto.
31 de março de 1964. Não nos esqueçamos nunca!!!

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Lasar Segall é intenso mesmo na frigidez de seus personagens


A tela ao lado é uma composição de Lasar Segall realizada em 1957, e chama-se: Favela. O nome emblemático é apenas pequena mostra do que pôde fazer este artista talentoso que impressiona uma leiga como eu.
Para quem não conhecia a obra sem ser pelas matérias de jornal ou mesmo pinceladas dos livros de História, pode-se dizer que Segall Realista é hipnótica. É fascinante a cpacaidade de envolviemnto que suas obras provocam no espectador.
O lituano que veio para o Brasil e escolheu São Paulo como residência talvez não tenha sido mais reconhecido, não que tenha sido pouco sua celebridade, exatamente por ter se afastado de certa forma da fervilhante Europa. Tudo é intenso e parece sempre mais inovador que os traços que se assemelham aos amigos mais famosos. Vale a pena.
A exposição acontece na Galeria Fiesp, na avenida Paulista, 1313

domingo, 3 de fevereiro de 2008

A educação que vale ouro

Na onda de investida contra o patrimônio público iniciada mais acentuadamente na Era Collor, a educação, embora muitíssimo sucateada com profissionais mal pagos em jornadas insanas, ainda continua intacta se comparada a outras esferas públicas que foram devidamente abocanhadas pelo capital privado, a exemplo das telecomunicações e de boa parte da saúde (AMAS) e da cultura (ASSAOC), além das OSIPS.
No entanto, há cerca de dois, três anos, no máximo, teve início um acirrada campanha pela privatização da educação tendo por base a humilhação cotidiana dos profissionais, transformados em figuras caricatas, anti-profissionais, vagabundos que nunca trabalham.
A imprensa, cumprindo seu papel leviano, divulga matérias com apenas um lado. O outro lado... recebe umas poucas linhas para acobertar a falácia do jornalismo que se pratica no país. Uma pena. Uma pena sem tinta. Fica-se com a frase de Balzac: "Se a imprensa não existisse seria preciso não inventá-la". Ilusões perdidas, nunca reencontradas.
As matérias, aspirantes a voz oficial do governo, mencionam o quanto as escolas possuem de equipamento, salas de informática, sala de leitura. Livros, doações, bolsas assistenciais, mochilas, tênis, meias, leite. Mas bem pouco é veiculado sobre o salário dos profissionais.Há cinco anos lecionando na Prefeitura de São Paulo, o salário com jornada máxima de 36h/aula na escola e 4h/aula em casa, preparando atividade, lendo, informando-se, formando-se, corresponde a R$ 1350,00. Há os extras que não são convertidos para fins de aposentadoria e que cada vez mais fazem diferença. E o tempo para cursos... para descanso, de fato... não são encarados como parte do trabalho.
Outra particularidade, esta sim, muito divulgada, são os programas das ONG´s que atraem "jovens carentes para programas de iniciação à música, ao canto, à dança". Se as ONG´s conseguem, por que o professor público não consegue fazer este trabalho tão importante? Neste tom são escritas as matérias ou mesmo são transcritos os depoimentos dos honoráveis senhores e senhoras que amam a educação.
Trata-se de uma armadilha, pois, estes senhores e senhoras selecionam em meio a 2000 jovens, dois ou três que têm interesse e demonstram esforço para enfrentar distâncias hercúleas até chegar aos locais onde os cursos/aulas serão ministrados. Aí, figuram como se houvesse um milagre diante do que é a escola pública.
Parece aos olhos do público em geral que a iniciativa privada é a única que consegue estabelecer um padrão de ensino. É lógico que não consta o fato da seleção já retirar os não convencionais. Enquanto na escola pública alunos violentados, tratados como cachorro, à mercê de doenças, e do descaso de relações instáveis em que bebês, crinças e jovens são acuados como inimigos da futura nova relação entre homens e mulheres destemperados, sem emprego, sem horário e muitas vezes sem responsabilidade alguma. Há relatos de alunos com sarna.
As aulas com milhares de interrupções: leite, dosador de leite e tantos outros apetrechos.

domingo, 27 de janeiro de 2008

O Signo da Cidade é um alento as almas otimistas.... e um refresco aos céticos


O Signo da cidade tem um bom enredo. tem fracas atuações, mas tem diálogo tão lindos e profundos. Na verdade, está tudo lá... a cidade como ela é... com seus reais personagens de todos os naipes. Os encardidos, os fétidos, os drogados, os perdidos, os sensíveis...os sorrateiros, os marginais. A crueldade não é capaz de matar todos.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Contradições tupiniquins

Parece que a pauta da legislação trabalhista não vai sair tão cedo do noticiário.
Hoje, 6 de janeiro, o O Estado de São Paulo traz um artigo de Gilles Lapouge sobre a legislação trabalhista na China. Um argumento que tem por base 'justificar' o crescimento chinês em função do alto nível de exploração dos trabalhadores, que não possuem nada para se defender, uma vez que, segundo ele, não há uma legislação trabalhista e o pouco que existe não é seguido. Perfeito. No entanto, o que o francês reivindica é o mesmo que Sarkozy quer destruir em seu país. E o jornal O Estado de São Paulo não traz também à toa o artigo. Parece que a burguesia brasileira não se decide sobre a flexibilização dos direitos trabalhistas, lá é um conduta tirânica; aqui é a discussão do custo-Brasil. Enquanto isso o salário-mínimo compra menos café.

Passeando por São Paulo...a imagem da construção industrial





Memorial do Imigrante... um prazer barato e revelador


As políticas públicas de recepção do imigrante, desde o final do século XIX até meados do século XX, parecem tiradas de um conto de fadas se comporadas ao que ocorre hoje a qualquer trabalhador, seja ele natural de São Paulo, migrante ou imigrante. Mas não se deve confundir benevolência com o projeto dos governos pós-república. Era necessária mão-de-obra abundante, para ser barata, e cheia de esperança, para ser burlada, e levada do sonho de terras novas às fazendas de café e depois às grandes indústrias. O que vemos com olhos mágicos pode ser mesmo o último resquício da escravidão que aqui se operou no interior do modo de produção capitalista. Explico-me: a idéia de manter sadia a mercadoria mão-de-obra para que ela rendesse mais, produzisse mais. Depois, com o assalariamento esta preocupação será exclusiva do próprio trabalhador, agora tornado livre. Isso me faz lembrar de uma frase utilizado por uma amiga tirada do livro de Fiodor Dostoiévski, Os irmãos Karamázov: "Não repetiste com freqüência: 'quero torná-los livres'... mas saibas que nunca os homens se acreditaram tão livres como agora e, no entanto, eles depositaram sua liberdade humildemente aos nossos pés...".