São Paulo: o início da cidade, as contradições da urbanização mal planejada

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um teto, um sonho, mais um cadáver

São Paulo não se cansa de enumerar catástrofes frutos da negligência do Poder Público e da Iniciativa Privada, de maneira combinada na maior parte das vezes. O buraco do metrô, obra do convênio privado que geria a megaconstrução, revelou-se uma tentativa de contenção de gastos somada à paranóia de engenharia sob túneis. Resultado: a morte de sete pessoas. Agora é a hora da Igreja Renascer ser o algoz da morte de, até o momento, nove pessoas.
Enquanto isso, o Prefeito Gilberto Kassab cria uma nova Secretaria apenas para fiscalizar obras que possam por ventura representar risco.
Imagino que seria de se esperar que bispo e bispa tivessem a dignidade de ajudar os parentes das vítimas, primeiro no velório, depois, com um seguro de vida. Afinal, estavam num local que, segundo começam a divulgar, não oferecia nenhuma segurança. E o que é pior, não era de hoje que a segurança não existia. Ninguém até agora se manifestou sobre o assunto da indenização, mas é se acaso fosse a arquibancada do estádio do Pacaembu, órgão público, que tivesse despencado, o que se estaria escutando, lendo e assistindo? As vidas não são públicas ou privadas, mas levanto a questão porque a mídia faz distinção. Já as famílias, não. O que continuam tendo em comum, não recebem nada, quase nunca. Quem não se lembra dos edifícios do Rio de Janeiro, dos acidentes de avião, dos bebês que morrem em hospitais públicos sem condições, sem verbas.
Esse é um pequeno retrato da cidade.
Gislene Bosnich

Nenhum comentário: